A informática como ferramenta pedagógica
O
mundo tornou-se globalizado e tem como idioma universal a tecnologia. Para ser
bem-sucedido, todo movimento educativo deve ter por base a contemporaneidade e
a responsabilidade
Educar não é nunca foi tarefa fácil, mas com certeza hoje é uma
das mais complexas, já que redunda em um grande encargo que exige imenso
domínio de conhecimentos de várias ordens, de assertividade e rapidez nas
decisões tomadas e, por isso mesmo, não prescinde de planejamento prévio e
adequação racional à realidade de cada momento social, do perfil e objetivos da
família, do conhecimento da individualidade da criança. Exige ainda a percepção
de que a cada nova, e às vezes sutil, mudança, pode ser necessário um
realinhamento dos objetivos, estratégias e meios de ação.
Como se fosse pouco, vivemos em um planeta globalizado, de
espaços e tempos virtuais que se alteram em ritmo vertiginoso concorrendo com a
realidade onde o relógio marca o tempo em horas. E crianças e jovens que educamos, ao
contrário de seus pares de gerações anteriores, nasceram vivenciando esse tempo
e esse espaço quimérico e neles aprenderam a viver e vivem com a naturalidade
de quem está - e eles estão - em suas próprias
casas.
Quando a tecnologia ainda não havia conquistado o mundo, os
meios de comunicação eram restritos, as informações demandavam tempo para
circular e não alcançavam de pronto a educação escolar das crianças, ou, se o
faziam, em geral interferiam raramente. A educação era um movimento contínuo
entre gerações, pouco mudava na escola e na família.
Hoje somos adultos e crianças "conectados" 24 horas e
não seria imaginável que a educação não se prontificasse em acompanhar essa
nova revolução.
Não teria, por exemplo, qualquer sentido a tecnologia não ter
conquistado seu lugar nas escolas como relevante recurso para a aprendizagem
dos alunos do século XXI. A introdução do computador na educação modificou a
concepção que se tinha de ensino: como ferramenta ele permite a criação de
inúmeros recursos individualizados, tornando-se agente da transformação, da
representação e do raciocínio em objetos manipuláveis, devido ao poder de
registro em sua memória inalterável e ilimitada, rapidez de comando e recursos
(linard, 1990).
HOJE
SOMOS ADULTOS E CRIANÇAS "CONECTADOS" 24 HORAS E NÃO SERIA IMAGINÁVEL
QUE A EDUCAÇÃO NÃO SE PRONTIFICASSE EM ACOMPANHAR ESSA NOVA
REVOLUÇÃO
A riqueza de estratégias que podem ser viabilizadas em favor da
motivação, do envolvimento do aprendente com a informação vai depender, é
claro, da intermediação do professor junto ao aluno. E isso requer planejamento
e remanejamento constante. Mas se esse meio tem a linguagem que a criança
aprecia e domina, que se presta a fortalecer sua criatividade, autonomia e a
trabalhar com a mesma desenvoltura com que joga, com que brinca, a ação
educativa fica facilitada e agilizada.
Quando o aprendente domina a máquina adequadamente, constrói com
o computador um trabalho instigante, prazeroso, uma verdadeira parceria, uma
intimidade intelectual que dificilmente teria com um adulto. Frente ao
computador, a maioria das crianças, mesmo aquelas que apresentam grandes
dificuldades de aprendizado, se aproxima e explora os recursos com menor
ansiedade ou receio de expor seus erros e dúvidas. Assim, as crianças passam a
procurar de modo construtivo soluções para as tarefas propostas, o que as
ensina a aprender por si próprias. Aprendem a vencer suas dificuldades,
tornando-se autoras de seu pensamento.
O computador é um recurso e uma estratégia potencialmente capaz
de oferecer ao aluno subsídios para desenvolvimento da percepção, cognição e emoção,
das funções neuropsicomotoras, da coordenação espaço/temporal, do controle de
movimentos, discriminação, atenção e memória auditiva e visual; da memória
sequencial, capacidade de representação, passando do virtual para o real.
Favorece sobremaneira a organização na realização de tarefas, a autonomia e
rapidez no trabalho, eleva a autoestima, trabalha limites, controle da
ansiedade, regras, normas. auxilia a superação de barreiras reativas ao ato de
aprender, que torna-se então viável, sendo também nesse sentido um aliado do
especialista em psicopedagogia.
Jogos e atividades multidisciplinares informatizadas
desencadeiam na criança reações que são relevantes fontes de observação para o
psicopedagogo: suas resistências, bloqueios, hesitações, lapsos, repetições,
demonstrações de sentimentos de angústias dão sentido às suas dificuldades.
Não é sem razão, portanto, que a informática, nas suas
diferentes aplicações, presente há pelo menos uma década em inúmeros
consultórios de psicopedagogia, seja considerada instrumento importante nas
avaliações e intervenções desses profissionais, concomitantemente a outros
recursos não virtuais.
Atentar ao que a tecnologia nos oferece cria
novos lugares e olhares sobre o aprender de todas as crianças. Como seria bom
se todos os profissionais que trabalham com educação fizessem bom uso desse
recurso ao qual tão prazerosamente se entregam as crianças...
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