terça-feira, 5 de novembro de 2013


A informática como ferramenta pedagógica

O mundo tornou-se globalizado e tem como idioma universal a tecnologia. Para ser bem-sucedido, todo movimento educativo deve ter por base a contemporaneidade e a responsabilidade


          Educar não é nunca foi tarefa fácil, mas com certeza hoje é uma das mais complexas, já que redunda em um grande encargo que exige imenso domínio de conhecimentos de várias ordens, de assertividade e rapidez nas decisões tomadas e, por isso mesmo, não prescinde de planejamento prévio e adequação racional à realidade de cada momento social, do perfil e objetivos da família, do conhecimento da individualidade da criança. Exige ainda a percepção de que a cada nova, e às vezes sutil, mudança, pode ser necessário um realinhamento dos objetivos, estratégias e meios de ação.
          Como se fosse pouco, vivemos em um planeta globalizado, de espaços e tempos virtuais que se alteram em ritmo vertiginoso concorrendo com a realidade onde o relógio marca o tempo em horas. E crianças e jovens que educamos, ao contrário de seus pares de gerações anteriores, nasceram vivenciando esse tempo e esse espaço quimérico e neles aprenderam a viver e vivem com a naturalidade de quem está - e eles estão - em suas próprias casas.
          Quando a tecnologia ainda não havia conquistado o mundo, os meios de comunicação eram restritos, as informações demandavam tempo para circular e não alcançavam de pronto a educação escolar das crianças, ou, se o faziam, em geral interferiam raramente. A educação era um movimento contínuo entre gerações, pouco mudava na escola e na família.
          Hoje somos adultos e crianças "conectados" 24 horas e não seria imaginável que a educação não se prontificasse em acompanhar essa nova revolução.
          Não teria, por exemplo, qualquer sentido a tecnologia não ter conquistado seu lugar nas escolas como relevante recurso para a aprendizagem dos alunos do século XXI. A introdução do computador na educação modificou a concepção que se tinha de ensino: como ferramenta ele permite a criação de inúmeros recursos individualizados, tornando-se agente da transformação, da representação e do raciocínio em objetos manipuláveis, devido ao poder de registro em sua memória inalterável e ilimitada, rapidez de comando e recursos (linard, 1990).

HOJE SOMOS ADULTOS E CRIANÇAS "CONECTADOS" 24 HORAS E NÃO SERIA IMAGINÁVEL QUE A EDUCAÇÃO NÃO SE PRONTIFICASSE EM ACOMPANHAR ESSA NOVA REVOLUÇÃO

          A riqueza de estratégias que podem ser viabilizadas em favor da motivação, do envolvimento do aprendente com a informação vai depender, é claro, da intermediação do professor junto ao aluno. E isso requer planejamento e remanejamento constante. Mas se esse meio tem a linguagem que a criança aprecia e domina, que se presta a fortalecer sua criatividade, autonomia e a trabalhar com a mesma desenvoltura com que joga, com que brinca, a ação educativa fica facilitada e agilizada.
      Quando o aprendente domina a máquina adequadamente, constrói com o computador um trabalho instigante, prazeroso, uma verdadeira parceria, uma intimidade intelectual que dificilmente teria com um adulto. Frente ao computador, a maioria das crianças, mesmo aquelas que apresentam grandes dificuldades de aprendizado, se aproxima e explora os recursos com menor ansiedade ou receio de expor seus erros e dúvidas. Assim, as crianças passam a procurar de modo construtivo soluções para as tarefas propostas, o que as ensina a aprender por si próprias. Aprendem a vencer suas dificuldades, tornando-se autoras de seu pensamento.
          O computador é um recurso e uma estratégia potencialmente capaz de oferecer ao aluno subsídios para desenvolvimento da percepção, cognição e emoção, das funções neuropsicomotoras, da coordenação espaço/temporal, do controle de movimentos, discriminação, atenção e memória auditiva e visual; da memória sequencial, capacidade de representação, passando do virtual para o real. Favorece sobremaneira a organização na realização de tarefas, a autonomia e rapidez no trabalho, eleva a autoestima, trabalha limites, controle da ansiedade, regras, normas. auxilia a superação de barreiras reativas ao ato de aprender, que torna-se então viável, sendo também nesse sentido um aliado do especialista em psicopedagogia.
         Jogos e atividades multidisciplinares informatizadas desencadeiam na criança reações que são relevantes fontes de observação para o psicopedagogo: suas resistências, bloqueios, hesitações, lapsos, repetições, demonstrações de sentimentos de angústias dão sentido às suas dificuldades.
        Não é sem razão, portanto, que a informática, nas suas diferentes aplicações, presente há pelo menos uma década em inúmeros consultórios de psicopedagogia, seja considerada instrumento importante nas avaliações e intervenções desses profissionais, concomitantemente a outros recursos não virtuais.
       Atentar ao que a tecnologia nos oferece cria novos lugares e olhares sobre o aprender de todas as crianças. Como seria bom se todos os profissionais que trabalham com educação fizessem bom uso desse recurso ao qual tão prazerosamente se entregam as crianças...


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